HISTÓRIA

O povoado de Gostoso foi fundado em 29 de setembro de 1884, exatamente, no dia dedicado a São Miguel pelo missionário frei João do Amor Divino. Nesse dia, segundo informações de moradores mais antigos da localidade, o missionário fincou na praia hoje denominada Maceió, um cruzeiro com o objetivo de marcar a data. Inicialmente o local do cruzeiro foi usado de forma improvisada para a celebração de missas, de batizados e de casamentos e posteriormente passou a ser utilizado como cemitério.

O nome Gostoso, segundo registros dos mais antigos, vem de um vendedor ambulante, morador local, que pelo fato de viajar frequentemente era considerado um homem bem informado, sempre trazendo as notícias de outras regiões e as pessoas do povoado aguardando ansiosamente a sua chegada para se atualizarem das novidades. O fato é que o vendedor era um exímio contador de estórias, sempre acompanhadas de uma risada extremamente gostosa e contagiante. Devido a sua risada característica, o vendedor ficou conhecido por Seu Gostoso e rapidamente o nome gostoso passou a denominar o novo povoamento.

No dia 29 de setembro de 1899, o Sr. Miguel Félix Martins um dos primeiros moradores de Gostoso, inaugurou uma igreja em pagamento a uma promessa feita a São Miguel, que passou a ser o padroeiro da comunidade. Com a igreja e a crescente devoção ao santo padroeiro, o povoado foi sendo chamado, naturalmente de São Miguel do Gostoso.

Pela Lei nº 6.452, de 16 de julho de 1993, São Miguel do Gostoso conquistou sua emancipação política desmembrado de Touros e elevado a condição de município do Rio Grande do Norte com o nome de São Miguel de Touros. Por força de plebiscito, o município voltou a denominação de São Miguel do Gostoso.

A gestão atual (2017 - 2020) é composta por:

Prefeito: José Renato Teixeira de Souza (Renato de Doquinha)
Vice-Prefeito: Azenate da Camara Cruz
Controladoria Geral: Marcos Lacerda Almeida Filho
Secretaria de Administração: Hugo Patrício Monyeiro Vieira
Secretaria de Agricultura e Pesca: Lindemberg Cosme de Miranda
Secretaria de Assistência Social: Geovania Santana Aribeiro
Secretaria de Educação e Cultura: Nivaldo Batista de Oliveira
Secretaria de Obras e Meio Ambiente: Lucicleide Martins Alves de Morais
Secretaria de Saúde: Gabriela Assunção da Costa Mafra Souza
Secretaria de Turismo e Comunicação: Janielle Linhares da Silva

 

IGREJA CATÓLICA DE SÃO MIGUEL

Por Izabel Bezerra de Matos e Ríssia Karine Rodrigues Gomes
Alunas do curso de Pedagogia da UFRN

A Igreja Católica de São Miguel localiza-se no centro da cidade, na Avenida dos Arrecifes, de frente para o Oeste, tendo ao Norte e a Leste, um cinturão de coqueiros que, vistos de longe, parecem palmeiras imperiais. O prédio mede 17 metros de comprimento e 6,47 de largura possuindo uma secretaria, um banheiro e uma área murada, que serve de lazer para as crianças durante as celebrações.

No dia 29 de setembro de 1899 o senhor Miguel Félix Martins, um dos primeiros moradores do Gostoso, inaugurou a Igreja por ele construída em pagamento a uma promessa feita a São Miguel, colocando dentro do santuário a imagem do santo que passou a ser o padroeiro da comunidade. Com a presença da Igreja e a crescente devoção ao Santo Padroeiro, o povoado naturalmente foi passando a se chamar São Miguel do Gostoso, nome preservado pelo povo até os dias de hoje. Todo dia 29 de setembro acontece a festa do padroeiro do município, com procissão, missa, novenas e muitas comemorações populares na cidade e nas praias.

A Igreja como uma instituição religiosa é de grande importância para o município pois ela é aberta à população não somente na função religiosa mas também na social. As atividades nela desenvolvidas levam à conscientização dos cidadãos que, assim, passam a conhecer melhor seus direitos e deveres na atuação política. Mas, é claro, servem também para educar os moradores para assumirem sua posição cristã com dignidade e respeito ao próximo e a si mesmo.

(Extraído do livro São Miguel do Gostoso: Um município construído a muitas mãos e uma história contada a muitas vozes / organização Wilson Honorato Aragão. – Natal (RN): Natal Editora, 2001.)

 

A GEOGRAFIA DO MUNICÍPIO DE SÃO MIGUEL DO GOSTOSO

O DISTRITO DE BAIXINHA DOS FRANÇA

Por Luiza Maria de Assis Souza, Luzia de Assis Silva e Sandra Cristina de Melo
Alunas do curso de Pedagogia da UFRN

Conforme informações colhidas junto aos antigos moradores do distrito, os primeiros habitantes da Baixinha foram a família dos Camilos a quem posteriormente se juntaram a família dos Cardosos, dos Valeriano e dos França, isso por volta de 1984. O nome do distrito surgiu por causa destas famílias terem inicialmente se estabelecido perto de um baixio pequeno, incrustrado na região. Esta última família, os França, conseguiu desenvolver bem a agricultura do lugar, colocando o distrito em destaque tanto no aspecto agrícola como no aumento do poder aquisitivo do povoado. Foram eles, por exemplo, que criaram a feira livre e o mercado público do distrito.

O senhor Miguel França Sobrinho foi eleito vice-prefeito de Touros, em 1962, e o seu filho, Pedro França, foi eleito vereador tendo ainda o seu sobrinho, Manoel de Paula França, sido vice-prefeito em 1968. Foi por esta época que eles transformaram o nome do distrito para Baixinha dos França.

O distrito fica localizado na região chamada Mato Grande, distante 30 quilômetros da sede do município de São Miguel do Gostoso, sendo considerado o segundo maior distrito em numero de habitantes, com uma população de aproximadamente 720 pessoas instaladas em 144 residências. Conta com uma escola de 1o Grau, funcionando do Pré-escolar a 8a série com matrícula de 220 alunos no ensino fundamental e 42 alunos na educação de jovens e adultos, alem de uma creche com 25 crianças.

A Baixinha já foi, nos idos de 1962, um grande centro agrícola no município. Lá cultivava-se algodão, sisal e mandioca, como também existia uma forte agricultura de subsistência baseado no plantio do milho e do feijão. Hoje, com o aparecimento do bicudo, um inseto que dizimou a cultura do algodão na região, e também com a falta de uma política voltada para o pequeno agricultor, o nosso distrito sobrevive apenas da agricultura de subsistência e de uma pequena produção de castanha de caju.

Com a criação do município de São Miguel do Gostoso, ao qual este distrito hoje pertence, surgiu uma nova perspectiva de vida; as famílias já começam a despertar para o desenvolvimento do distrito. Estão se organizando através de associações, grupos de trabalho, enfim, buscando caminho para uma vida melhor da sua população, tudo isso com o apoio da Prefeitura Municipal, que não mede distância para o desenvolvimento de toda a região.

Mesmo com todas as dificuldades naturais, a população não abre mão de sua festa tradicional, a Festa da Padroeira do distrito, Santa Terezinha, que vem sendo realizada de 1939. Desde a construção da igreja do distrito, essa festa vem se realizando no dia primeiro de outubro de cada ano. O rendimento dessa festa é revertido na conservação e reforma da igreja. A festa inclui também a realização, na parte social, de um animadíssimo baile que envolve toda a comunidade. Na parte esportiva, é organizado um torneio de futebol com a participação de vários times da região; neste dia o distrito recebe uma população de aproximadamente duas mil pessoas, sendo esta considerada uma das melhores festas da região.

(Extraído do livro São Miguel do Gostoso: Um município construído a muitas mãos e uma história contada a muitas vozes / organização Wilson Honorato Aragão. – Natal (RN): Natal Editora, 2001.)

 

O DISTRITO DE UMBURANA

Por Manuel Patrício de Assis
Alunas do curso de Pedagogia da UFRN

Esta pequena comunidade, localizada a 25 km de distância da sede do município, sobrevive da agricultura de subsistência. Os agricultores enfrentam grandes dificuldades devido à escassez de chuvas nesta região e enquanto não existir uma política de desenvolvimento agrícola para o município, a situação do pequeno e médio agricultor no estado do Rio Grande do Norte, será de extrema precariedade.

O distrito de Umburana recebeu este nome devido existência, no povoado, de uma grande umburana. Este tipo de árvore serve para as pessoas usarem na fabricação de barris, mesas e tamboretes. É que o barril é muito usado na região para o transporte de água de moinho nas costas dos animais. Hoje, entretanto, já existe no povoado um poço tubular com uma caixa d’água construída pelo DNOCS no ano de 1940, que até hoje tem servido à comunidade, tendo passado por algumas reformas durante todos estes anos.

Como a tradição deste município é católica, os esforços da comunidade e a coragem dos senhores Miguel Martins de Macêdo e Manoel Inácio, amparados nas esposas, construíram em 1995, uma igreja que recebeu como padroeiro São Sebastião, que tem sua festa realizada anualmente a cada dia 20 de Janeiro.

Umburana conta com uma população de aproximadamente 425 habitantes distribuídos em 85 residências, sendo que os primeiros habitantes do lugar foram as famílias Ribeiro e Pereira.

A família Pereira tinha uma pessoa, conhecida como dona Senhorinha, que tinha o dom de ensinar a criançada do lugar, tornando-se a professora da região até se aposentar. Quando isso ocorreu, chegou dona Ana Ribeiro, para ajudá-la, embora hoje também já esteja aposentada, o que não lhe impede de contribuir ainda para o sucesso da comunidade. Em época de campanha política, por exemplo, é dona Ana quem compõe músicas para os candidatos, como também dá uma força nas comemorações da escola. Ela está sempre pronta para improvisar dramatizações e versos como este:

Faço a declaração

Nesses versos verdadeiros

O primeiro nome do Umburana

Foi Cavaco dos Ribeiros


Depois venderam o Cavaco

A Leonardo Pereira

Que passou a ser o dono

Dessa terra hospitaleira


Existia uma árvore

muito frondosa e bacana

foi dessa linda árvore

a origem do nome Umburana


Esse Leonardo Pereira

Era muito conhecido

De toda sociedade

Ele era muito querido


Em 1936 eu tinha apenas 10 anos

Quando o Cavaco foi passado

Para Leonardo um novo dono


Depois dos Ribeiros voltavam

Para sua terra São José

Essa história passou-se

Eu afirmo e dou fé


De 1936 até 1950

Eu vos afirmo agora

Que nessa comunidade

Ainda não tinha escola


Foi essa a verdadeira história

Que em Umburana se deu

E a primeira professora

De Umburana fui eu


Foi essa a verdadeira história

Que em Umburana se deu

E a primeira professora

De Umburana fui eu


Mais os pais de família

Como ficaram descontentes

Foram a minha casa

Todos apressadamente

Para que eu ensinasse

Os filhos daquela gente

Tinha uma criatura

Que botaram em meu lugar

Ela era pela Prefeitura e eu ensinava particular


Em 1972, Décio Fernandes ganhou

Para Prefeito de Touros

De novo me colocou

Continuei ensinando

A profissão que tanto eu tenho amor


Em 1955 tive que me aposentar

Porém outros professores

Ficaram em meu lugar

E sobre João Wilson

Agora eu vou falar


O povo teve prazer

Com a cidade nova do Gostoso

João Wilson como bom Prefeito

Sabe agradar ao povo

Estou pedindo a Deus

Pra ele voltar de novo


João Wilson é bom prefeito

Que sabe bem trabalhar

Embora que os adversários

só levem o tempo em falar

aviso nos versos meus

que vivo pedindo a Deus

pra ele novamente ganhar


A história de Umburana

Não terminou aqui

Faço ciente a vocês

Somente de outra vez

É que eu vou prosseguir


Peço desculpas a todos

se nos meus versos não agradou

Mas a história de Umburana

Aqui não terminou

Em outra oportunidade

Eu falo no que faltou.


(Professora Ana Ribeiro)

(Extraído do livro São Miguel do Gostoso: Um município construído a muitas mãos e uma história contada a muitas vozes / organização Wilson Honorato Aragão. – Natal (RN): Natal Editora, 2001.)

 

DISTRITO DE MORROS DOS MARTINS

Por Maria Dores Gomes e Francis Ferreira
Alunas do curso de Pedagogia da UFRN

O distrito de Morros dos Martins, distante 25 km da sede do município, com população aproximadamente de 955 habitantes, possui cerca de 191 casas e tem como base econômica a agricultura e a pesca, sendo o 1o distrito do município de São Miguel do Gostoso em população. Esse distrito originou-se no Canto da Ilha de Cima e recebeu esse nome por se tratar de uma ilha, sendo o senhor Estevam o seu primeiro morador.

Em meados dos anos 30, os ricos da região começaram a tomar posse das terras chegando ao Canto da Ilha de Cima o Major Anorfim, da cidade de Ceará-mirim, que comprou uma parte do Canto da Ilha de Cima e expulsou o senhor Estevam, que mudou-se para os Morros, ficando mais próximo da Praia. Este lugar chamava-se Morros porque possuía várias dunas.

Com o passar dos anos, chegaram ao lugar outras famílias, inclusive os Martins. Como o senhor Batista Filho, dos Martins, que antes morava no Baixio, distrito desse município, alugava carro para os feirantes irem à feira e também vendia roupas usadas vindas da Alemanha, para as irmãs franciscanas em Touros, o pessoal falava Morros dos Martins, e assim ficou conhecido.

(Extraído do livro São Miguel do Gostoso: Um município construído a muitas mãos e uma história contada a muitas vozes / organização Wilson Honorato Aragão. – Natal (RN): Natal Editora, 2001.)

 

O DISTRITO DE REDUTO

Por Manuel Patrício de Assis
Alunas do curso de Pedagogia da UFRN

O distrito de Reduto fica localizado a 6 km da sede e é o mais próximo da cidade do Gostoso, com uma população de aproximadamente 380 habitantes, para 76 residências, tendo sua base econômica fundamentada na agricultura e na pesca.

Os primeiros moradores do distrito de Reduto foram os Nunes Torres e os Mateus. Foi dona Bituca que contribuiu bastante para o desenvolvimento do distrito já que Reduto vivia em puro abandono: até o cemitério era cercado apenas de arame farpado. Por volta de 1985, no entanto, o prefeito Pedro Ribeiro resolveu murá-lo, fazendo com que as famílias ali residentes se sentissem mais felizes, pois passavam a ter agora um lugar adequado para colocarem seus entes queridos mortos.

Há uma igreja católica no distrito, construída em 1990 pela irmã Aloisia Gerhadinger. Em Reduto, apesar de ser um povoado de praia, o ponto alto é a festa do padroeiro, São Sebastião, comemorada no dia 20 de janeiro de cada ano, onde a população comemora com barracas, leilões e um grande baile que vai até o dia amanhecer.

(Extraído do livro São Miguel do Gostoso: Um município construído a muitas mãos e uma história contada a muitas vozes / organização Wilson Honorato Aragão. – Natal (RN): Natal Editora, 2001.)

 

O DISTRITO DE BAIXINHA DOS VIEIRA

Por Manuel Patrício de Assis
Alunas do curso de Pedagogia da UFRN

A Baixinha dos Vieira é uma pequena comunidade distante 28 km da sede do município, com uma população de aproximadamente 75 habitantes para 15 residências. Os primeiros moradores do lugar foram os Vieiras, que lá chegaram por volta de 1915, dado nome ao distrito.

O pequeno povoado, que vive da agricultura de subsistência não conseguiu ainda o seu desenvolvimento: não tem escola, não tem igreja e a população é servida pelo distrito de Baixinha dos França, que fica a 2 km de distância.

A comunidade conta com um poço tubular e com uma caixa d’água construídos no ano de 1972 pelo DNOCS. A água, porém, só serve para o consumo animal porque é muito salgada, sendo talvez isso a causa do atraso do lugar. No povoado, água para o consumo humano, por exemplo, só chega através de carro-pipa.

(Extraído do livro São Miguel do Gostoso: Um município construído a muitas mãos e uma história contada a muitas vozes / organização Wilson Honorato Aragão. – Natal (RN): Natal Editora, 2001.)

 

O DISTRITO DE CRUZAMENTO

Por Laudelino Martins de Brito e Tarcísio Gomes Vieira
Alunas do curso de Pedagogia da UFRN

Este distrito recebeu esse nome por se localizar em um cruzamento de estrada. Ficando 30 km de distância da sede do município, sua base econômica é a agricultura de subsistência tendo como principais culturas o milho, o feijão e a mandioca. É uma terra muito rica e tudo que se planta dá desde que chova na região. O que está prejudicando o desenvolvimento do distrito é a falta de uma política agrícola que dê condições aos pequenos agricultores terem sua agricultura irrigada, pois é a irrigação a principal solução para o setor.

Cruzamento tem uma população de aproximadamente 515 habitantes, com 103 residências.

A comunidade conta também com um espaço de lazer próprio, o qual foi construído com ajuda da Prefeitura no ano de 1986. É nesse lugar que realizam-se os bailes para a animação da juventude. Não podemos deixar de registrar o ponto alto das festividades deste distrito que é a Festa de São Pedro, padroeiro local, que ocorre no dia 29 de junho, com barracas, leilões e um animadíssimo forró durante a noite. Já no período da tarde, há a procissão de São Pedro, que segue em um andor pelas ruas do distrito, momento em que se reúnem no povoado os seus filhos ausentes e convidados.

(Extraído do livro São Miguel do Gostoso: Um município construído a muitas mãos e uma história contada a muitas vozes / organização Wilson Honorato Aragão. – Natal (RN): Natal Editora, 2001.)

 

O DISTRITO DE BAIXIO

Por Manuel Patrício de Assis
Alunas do curso de Pedagogia da UFRN

Baixio é um pequeno distrito do município de São Miguel do Gostoso, distante 27 km da sede. Recebeu este nome por essa parte de terra ter uma ondulação que os agricultores chamam de Baixio, conforme pesquisas entre os mais idosos da comunidade. Eles relatam que os primeiros moradores foram os Vital; depois chegaram os Coelhos, os Daniel e os Damascenos. Os Vital chegaram ao Baixio em 1920 quando o lugar não possuía ainda poço tubular. Por isso, eles iam buscar água na fonte Olho D’água a 10 Km de distância, nas costas de animais. Sua base econômica é a agricultura de subsistência e, para amenizar o sofrimento dos agricultores, em 1942 o DNOCS perfurou um poço tubular e construiu uma caixa d’água melhorando a situação dos mesmos.

O Baixio, como todas as outras comunidades, celebra também o seu padroeiro, que é São Francisco. A festa acontece anualmente no dia 4 de outubro.

(Extraído do livro São Miguel do Gostoso: Um município construído a muitas mãos e uma história contada a muitas vozes / organização Wilson Honorato Aragão. – Natal (RN): Natal Editora, 2001.)

 

A HISTÓRIA DO DISTRITO DE ANGICO VELHO

Por Cícero Jorge do Nascimento, Lucineide Alves e Maria dos Anjos Alves da Silva
Alunas do curso de Pedagogia da UFRN

O nome deste distrito de São Miguel do Gostoso, Angico Velho, originou-se de uma árvore típica da região, que por ser uma árvore antiga recebia esta denominação pelos moradores do povoado. Carinhosamente chamada de angico velho, situava-se à beira de uma escola de estrada, e, por isso, os viajantes a utilizavam para descansar de suas costumeiras viagens à sombra desta enorme e agradável árvore. Todavia, a árvore, já muito velha, desmoronou e morreu, nascendo outra em seu lugar, o que contribuiu também para a manutenção deste nome na memória do povoado.

Por tratar-se de um lugar agradável, foram logo aparecendo os primeiros moradores do povoado sendo que o primeiro morador que se tem notícia no lugar chamava-se Sebastião Silvestre da Silva. Seu Sebastião e sua família trabalhavam na agricultura e sobreviviam da produção agrícola.

O distrito de Angico Velho limita-se ao Leste com o Angico Branco, a Oeste com a Baixinha dos França e Baixinha dos Vieira; ao Norte com a Umburana e Frejó e ao Sul com a Serra Verde, todos pertencentes ao município de São Miguel de Touros.

Desde a origem dos primeiros povos que surgiram em nossa comunidade, a economia da região é formada e desenvolvida através da agricultura. Portanto, a produção econômica do Angico Velho é formada basicamente de atividades no comércio e na agricultura.

A agricultura era a maior fonte de renda e lucro para os agricultores. Quando os invernos eram abundantes, a produtividade era bem melhor ou maior que hoje e isso trazia para as pessoas de modo geral, condições de vida mais agradáveis, possibilitando-lhes condições de desenvolverem também o comércio em nossa comunidade.

Dentre os principais produtos cultivados na economia do Angico Velho, podemos citar a castanha – com o próprio caju, a mandioca, o sisal, a cultura do algodão e alguns alimentos como o milho e o feijão. Entretanto, alguns destes produtos, como o algodão e o sisal, já não estão mais sendo produzidos na região, o que enfraqueceu em muito a economia local.

Há apenas pouco mais de cinco anos atrás, essa cultura era fortemente incrementada pelas pessoas que trabalhavam na agricultura. Porém, com o surgimento do inseto chamado “bicudo”, cuja praga praticamente dizimou o plantio de algodão do distrito, os agricultores deixaram de plantar esta cultura agrícola, que era uma das principais atividades econômicas do povoado. Mesmo com o fracasso no cultivo desse elemento da produção agrícola, o aspecto econômico do nosso distrito vem sendo mantido através do incremento da plantação da castanha de caju, da mandioca, do milho e do feijão, embora este cultivo seja feito ainda em termos de cultura de sobrevivência.

A população de Angico Velho compreende aproximadamente 90 famílias, mas devido ao fracasso dos invernos e das condições econômicas, ultimamente grande parte desta população saiu para as cidades grandes, a procura de melhores condições de vida. Depois de alguns tempos, com o surgimento da reforma agrária, a maior parte da população emigrou para a Fazenda Angico Branco, que pertencia ao senhor Vicente Severiano da Câmara, a qual foi desapropriado pelo INCRA.

Atualmente, o Angico Branco passou a ser um dos maiores assentamentos desta região, sendo sua população de cerca de 160 famílias, todas originárias dos lugares mais próximos como o Angico Velho, o Angico de Fora, a Tabua, a Baixinha, a Umburana e o Feijó. Hoje a população do Angico Velho resume-se a cerca de vinte e sete famílias.

No ano de 1984 tivemos a construção da Igreja Católica do distrito, que contou com o envolvimento e o trabalho de toda a comunidade a qual não mediu esforços no intuito de erguer o templo. Hoje, é nesta igreja que se celebra a grande festa da padroeira do distrito, Nossa Senhora da Conceição, anualmente a cada dia de 08 de dezembro.

Cabe ainda o registro aqui de um fenômeno geográfico que marca a história desse distrito, a existência de uma baixa seca que corta vários distritos do município, saindo de João Câmara e desembocando na Praia de Touros, no Oceano Atlântico.

(Extraído do livro São Miguel do Gostoso: Um município construído a muitas mãos e uma história contada a muitas vozes / organização Wilson Honorato Aragão. – Natal (RN): Natal Editora, 2001.)

 

O DISTRITO DE MUNDO NOVO

Por Manuel Patrício de Assis
Alunas do curso de Pedagogia da UFRN

O distrito de Mundo Novo fica localizado a 15 km de distância da sede do município, sendo o único distrito a ter energia solar, implantada através de um projeto da PETROBRÁS, que resolveu usar esse distrito como experiência para testar a energia solar. Este tipo de energia serve ao povoado desde 1997 atendendo à escola, ao cacimbão da localidade e à praça.

O povoado, que tem uma população de 135 habitantes, distribuídos em 27 residências, possui também a Escola Municipal Máxima Martins, construída em 1987 pelo Prefeito Pedro Ribeiro.

Na administração de João Wilson à frente do município-sede, foi construída a praça do distrito e implantada a energia solar. A escola do povoado foi reformada e foi construído também um chafariz. Está sendo construído ainda um Posto de Saúde, e, para melhorar o serviço do referido posto, está sendo ministrado um curso de Auxiliar de Enfermagem para as pessoas que nele vão trabalhar.

O distrito de Mundo Novo vive da agricultura de subsistência, tendo como seus principais produtos agrícolas o milho, o feijão e a mandioca. O povoado ainda não tem igreja, mas a comunidade já se mobiliza para futuramente construir a igreja do lugar. O padroeiro da localidade já foi escolhido e é São Sebastião, cujo dia deverá ser comemorado a cada 1o sábado de novembro com uma festa de caráter religioso e profano.

(Extraído do livro São Miguel do Gostoso: Um município construído a muitas mãos e uma história contada a muitas vozes / organização Wilson Honorato Aragão. – Natal (RN): Natal Editora, 2001.)

 

O DISTRITO DE TABUA

Por Marileide Alves da Costa
Alunas do curso de Pedagogia da UFRN

O Distrito de Tabua está localizado a 15 km do município-sede, São Miguel do Gostoso. Recebeu este nome por lá existir, dentro de uma lagoa, uma planta chamada Tabua, que os moradores utilizam para fazerem a cobertura das suas casas. Os primeiros moradores do povoado foram os Cipriano e os Pedros. Com o aumento da comunidade, o senhor José Rodrigues da Silva, ajudado pelos moradores, construiu, em 1946, a primeira igrejinha do lugar, que foi derrubada em 1990, para construção de outra maior, erguida com recursos provindos da Alemanha e conseguidos pela irmã Aloisia Gerhardinger.

Tabua possui uma população de 545 habitantes para 109 residências, tendo a sua base econômica assentada na agricultura de subsistência. Também faz parte da economia do distrito a pesca – tanto de camarão como do peixe de água doce. No ano de 1999 foi implantado no distrito um projeto de piscicultura, que envolve a criação de peixes em gaiolas.

(Extraído do livro São Miguel do Gostoso: Um município construído a muitas mãos e uma história contada a muitas vozes / organização Wilson Honorato Aragão. – Natal (RN): Natal Editora, 2001.)

 

O DISTRITO DE FREJÓ

Por Cláudia dos Santos
Alunas do curso de Pedagogia da UFRN

Frejó é um distrito pertencente a São Miguel do Gostoso cujo nome deve-se a uma planta trazida pelo seu primeiro morador: o senhor Antônio Catarina da Silva. Essa planta inicialmente deu nome à fazenda de propriedade do senhor Antônio Catarina e, posteriormente, ao próprio povoado. O senhor Antônio Catarina trouxe ainda para morar no povoado uma segunda pessoa: o senhor Antônio Pereira Nunes. Essas duas pessoas, que então eram solteiras, posteriormente constituíram família e, com o passar dos anos, iniciaram o povoamento do distrito.

O distrito do Frejó faz divisa com a Umburana, a Tabua, Olho D’água e o Morros dos Martins, estando localizado à 20 Km de São Miguel do Gostoso.

O Frejó tem 126 habitantes. Os pontos turísticos principais são a igreja, a escola municipal, o clube e o campo de futebol.

Na parte econômica, os habitantes vivem da agricultura e só quatro pessoas tem emprego fixo. Algumas não gostam de trabalhar na agricultura e tentam montar seu próprio negócio, como é o caso do senhor Luís Carlos da Silva, que montou sua própria mercearia, e da senhora Elizelda Catarina, que também é comerciante.

O padroeiro do distrito é São José e sua festa é comemorada no dia 19 de março de cada ano com quermesse, leilão e um animadíssimo baile.

(Extraído do livro São Miguel do Gostoso: Um município construído a muitas mãos e uma história contada a muitas vozes / organização Wilson Honorato Aragão. – Natal (RN): Natal Editora, 2001.)

 

O DISTRITO DE ANGICO DE FORA

Por Vitória Régia Barbosa dos Santos e Valéria Rejane Barbosa dos Santos
Alunas do curso de Pedagogia da UFRN

O distrito de Angico de Fora fica localizado a uma distancia da sede do município que compreende cerca de 20 km. É uma comunidade carente, mas com perspectiva de se desenvolver através do seu setor agrícola. Já existem, com essa finalidade, alguns projetos montados para essa área. Angico de Fora conta com uma população de aproximadamente 420 habitantes e 86 residências, conforme dados da Fundação Nacional de Saúde. As primeiras famílias a se acomodarem neste local foram os Laurindo, os Regis e, depois, os Rodrigues, que até hoje povoam o distrito.

Antes de 1986, a senhora Maria do Carmo Silva, que era professora dessa localidade, ensinava na sua própria residência, pois o município não lhe colocava a disposição nenhum quadro-negro com giz. Nesta situação, ela ensinou durante doze anos as crianças deste lugar, até que em 1986 foi finalmente construída a escala do povoado.

O povoado ainda se abastece com água de cacimbão e a sua igreja foi construída em 1990 pela irmã Aloisia Gerhardinger. Uma freira alemã que muito contribuiu para o desenvolvimento das comunidades deste distrito.

(Extraído do livro São Miguel do Gostoso: Um município construído a muitas mãos e uma história contada a muitas vozes / organização Wilson Honorato Aragão. – Natal (RN): Natal Editora, 2001.)

O DISTRITO DE MORRO DOS PAULOS

Por Maria Conceição dos Anjos Nascimento e Maria Claudete de Souza
Alunas do curso de Pedagogia da UFRN

Segundo um dos moradores do distrito, Seu José Paulo dos Santos, de 85 anos, antigamente nesta comunidade não morava ninguém sendo a mesma então denominada de Baixa Seca. Esse novo nome, Morros dos Paulos, lhe foi posto por duas razões: devido às grandes dunas que existe no local e também pelo fato do senhor Joaquim Paulo dos Santos ter sido o primeiro habitante do povoado.

O senhor Joaquim Paulo, como era conhecido, era pai do senhor José Paulo dos Santos. Ele conta que quando seu pai chegou aqui, só havia no local morros e matas sendo ele quem construiu a primeira casa no lugar.

Aqui se instalou com sua família, composta por dez pessoas. Viviam da agricultura, plantavam milho, feijão e mandioca para subsistência. Às vezes, pescavam de arrastão na praia, que fica bem próxima. O senhor Joaquim Paulo faleceu aos 75 anos, mas deixou seus filhos que ainda hoje moram nesta comunidade.

Morros dos Paulos possuía, no ano de 98, aproximadamente 60 moradores: hoje se encontra praticamente desabitado, pois a maioria das famílias mudou-se para o assentamento "Canto da Ilha de Cima", que fica a novecentos metros da comunidade.

Ainda hoje as pessoas que lá residem vivem da agricultura plantando milho, feijão, mandioca e batata-doce. Devido às escassas chuvas, os agricultores têm sofrido muito, situação que poderia melhorar se os agricultores recebessem uma melhor assistência técnica. A atividade da pesca é pouco desenvolvida devido à dificuldade de vender o pescado, pois para isso os pescadores têm que se deslocar para outras praias.

Antigamente, Morros dos Paulos pertencia ao município de Touros e era totalmente abandonado: não tinha escolas e as crianças tinham que se deslocar a pé para o distrito de Acauã, distante 3 km do distrito, que então pertencia ao município de Pedra Grande.

Morros dos Paulos é um distrito que se destaca porque aqui fica localizada a Praia do Marco, assim denominada segundo a Carta de Lisboa e a Epístola Mundus Novus, ambas de autoria de Américo Vespúcio. No dia 14 de maio de 1501 saiu do Rio Tejo, na velha cidade de Lisboa em Portugal, uma esquadra composta por três caravelas, sob o comando do navegador André Gonçalves. A expedição tinha como objetivo reconhecer a terra de Vera Cruz, recém-decoberta por Pedro Álvares Cabral, conforme os livros de história do Brasil de 5ª série.

No dia 07 de Agosto de 1501, a esquadra comandada por André Gonçalves atingiu a costa potiguar. A bordo da frota vinham alguns padrões de marcos confeccionados com pedra lioz, também chamado de mármore de Lisboa. O primeiro deste padrões foi chamado na Praia do Marco. O chamado Marco de Touros coincide em suas características com outro Marco, o de Cananéia, cantado no litoral paulista e hoje sob os cuidados do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no Rio de Janeiro, conforme informações da Revista do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Com o decorrer do tempo, um longo silêncio caiu sobre o Marco de Touros, como descreveu o historiador Olavo de Medeiros Filho. Posteriormente, o velho padrão de pedra assumiu o papel de Marco divisório das capitanias hereditárias do Rio Grande do Norte e Ceará.

Apenas em 1890 o historiador José de Vasconcelos divulgou a existência do Marco de Touros, encontrado no Amuai do Marco. Alguns anos depois, em 1928, Luís da Câmara Cascudo, lambem visitou o Marco de Touros, confirmando a descrição feita por José de Vasconcelos. Cascudo voltou outra vez ao local em 1955 e encontrou uma capela em construção para abrigar o monumento. O autor visitara o local 15 anos antes, encontrando o padrão que se transformara então cm uma pedra santa, que era objeto de devoção dos fiéis moradores das redondezas. O Marco era ponto de romarias e estava enfeitado com fitas e velas. Ele não estava mais no seu locai original e as outras pedras chamadas pelos portugueses como "tenentes" ou "testemunhas" já haviam sido destruídas.

O Santo Cruzeiro do Marco, como era chamado pela população, foi novamente visitado em 1962 pelo representante do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional do Rio Grande do Norte, Oswaldo de Souza. Ele foi um dos principais responsáveis pela retirada do Marco do seu local de origem, trasportando-o para Natal no dia 13 de setembro de 1975. Após a retirada do Marco ou cruzeiro, como chamam os mais velhos, essa praia ficou esquecida, visitada apenas pelos moradores da comunidade. Hoje, ela foi redescoberta pela pureza que ainda existe tornando-a um ponto turístico do município.

(Extraído do livro São Miguel do Gostoso: Um município construído a muitas mãos e uma história contada a muitas vozes / organização Wilson Honorato Aragão. – Natal (RN): Natal Editora, 2001.)

 

O DISTRITO DE FAZENDINHA

Por Marise Ferreira da Câmara Neri
Alunas do curso de Pedagogia da UFRN

Fazendinha é uma pequena localidade pertencente ao município de São Miguel do Gostoso, com uma população de aproximadamente 70 habitantes e 14 residências dispersas uma das outras. Os primeiros moradores do lugar foram os Cirinos, tendo o senhor José Cirino dos Anjos chegado ao local por volta de 1901. Na época, a vida ali era muito difícil, não se tinha água sequer para beber. Assim, era necessário buscar água no município vizinho do Gostoso a uma distância de aproximadamente 15 Km. Só em 1940 é que um morador do local, o senhor Miguel Vieira, abriu uma cacimba d’água para servir à comunidade. A população de Fazendinha já chegou a totalizar 52 famílias sendo que hoje residem no povoado apenas 14.

A primeira escola da localidade funcionava em uma casa de família e o seu único professor era o senhor Manuel Antunes de Melo. Hoje o lugar já conta com uma escola municipal, construída pela irmã Aloisia no ano de 1993, época em que ainda pertencia a Touros. O estabelecimento educacional da localidade passou por uma reforma em 1998, por iniciativa do prefeito João Wilson, o qual consolidou a ligação de Fazendinha com São Miguel do Gostoso.

O povo de Fazendinha ainda acredita que terá dias melhores, pois a administração do município-sede faz com que este seja uma perspectiva plausível. No setor da educação, por exemplo, a prefeitura já fez com que as crianças do distrito com idade escolar a partir da 3a série sejam transportadas para estudarem na sede do município, nos turnos da manhã e da noite. Isso é só o início, mas sabemos que o investimento na educação é lento mas surte efeito.

(Extraído do livro São Miguel do Gostoso: Um município construído a muitas mãos e uma história contada a muitas vozes / organização Wilson Honorato Aragão. – Natal (RN): Natal Editora, 2001.)





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